A Babushka <$BlogRSDURL$>


Nas palavras encontramos o confronto firme, dos nossos pensamentos, que teimam em contrariar a nossa camuflada sabedoria! [Reptil Vamp] - Click

maio 20, 2006

Não sei como dizer-te



Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.

Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço -
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave - qualquer coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe, o amor,

que te procuram.


maio 19, 2006

Merche Romero

A Merche Romero não é poupada aos ataques sucessivos vindo de todos os lados. Até Espanha quer o Ronaldo para ela, mas também é muito mais velha do que ele, não ficava bem... Cristiano Ronaldo a ultima vedeta portuguesa, tem dado já rios de tinta a espalhar-se pelas várias editoras, e os fotógrafos não param.Quem é Merche Romero? Ninguém sabe, mas é certamente, quem invadiu o coração de Cristiano Ronaldo; ser mais velha que ele, isso nunca foi problema, porque se se desse o inverso, ninguém diria que ele já tinha rugas ou arteriosclerose.
Como sempre, as pessoas só olham para o lado que lhes convêm. Fora do meio futebolístico quem é Cristiano Ronaldo...




Telenovela Ninguém me autorizou, mas é público...
Choque de corno


Puzzle

Trago nas mãos feridas em sangue, toco-te e tu não sentes, toco-te e o sangue fica comigo. Ficam comigo as máculas, as chagas, ficam comigo as angústias e as noites de adormecer duvidoso, o meu sangue é um líquido espesso e quase pesado, um líquido transparente que se esfuma em anéis circulares, outros nem tanto.

Anda hoje de manhã te olhei por detrás das imagens secretas, por detrás das janelas fechadas, o pó é sempre o mesmo, o meu. olhei-te e nem deste por mim, vi-te dormir, atirado em cima da cama desfeita no calor que a noite te trouxe, o cabelo espalhado sobre a almofada, o respirar pesado sobre coisa nenhuma, olhei-te, vi-te, senti-te o pulsar do sangue, o coração-máquina, os olhos fechados sobre os sonhos onde não consegui entrar.

Acordei e senti-te em mim, as mãos que nunca me tocaram, a boca que nunca me respirou, senti-te a ausência e coisa nenhuma se materializou em mim, fechei de novo os olhos, breve flash que não pude conter, fechei os olhos e entrei em ti, vi-te sorrir e dizer coisas sem sentido, como ecos de palavras ou frases sem fim. Vi-te baixar o olhar e olhares-me mesmo assim, ouvi-te a voz a procurar o tom e soube que o encontraste perdido ali, falas sempre tão baixinho nos sonhos em que te visito.

Trago nas mãos feridas em sangue que hão-de sarar, por sobre as nuvens cinzentas há sempre um véu que se abre e te acolhe, por sobre as nuvens há sempre o que nunca se viu nem se viveu, e as mãos que te tocam acolhem-te o desalento, alinham-te o cabelo espalhado sobre a almofada para a seguir o desarrumarem, porque as coisas são como são e não como as supomos, porque tu és como és e eu não quero mudar-te.

Esta noite sonhei contigo, dizias baixinho, a sorrir, qualquer coisa breve que não consegui escutar, prometeste que a repetias um dia, quando estivéssemos a sós e o tempo nos puxasse deste para outro lugar, quando a ilha se abrisse e as janelas fossem molduras de momentos a guardar.

Esqueci as feridas que trazia, em sangue, nas mãos. Esqueci o que me violou, o que me partiu, o que me construiu, não importa, somos todos feitos de pó, somos todos puzzles impossíveis de resolver.

publicado por Lenia Rufino no dn jovem, edição na net, 21 de abril de 2006


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