A Babushka <$BlogRSDURL$>


Nas palavras encontramos o confronto firme, dos nossos pensamentos, que teimam em contrariar a nossa camuflada sabedoria! [Reptil Vamp] - Click

julho 13, 2006

Admiro-a!


Porque a admiro não me canso de a declamar!


Os versos que te fiz

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!


Florbela Espanca


julho 10, 2006

Contrapontos...


Na batalha do amor e do romance, a vida não está fácil. Das trincheiras do conflito entre sexos chegam notícias de que o amor é cada vez mais um objectivo espinhoso. Tudo foi simplificado. Mas não chega. O sexo já não se pratica apenas depois do casamento, ninguém precisa de se consorciar legalmente para constituir família. Homens e mulheres conhecem as alegrias das relações efémeras. Namorar é uma palavra de mil cambiantes, onde cada um descobre a modalidade ideal para a sua capacidade de afecto. O supermercado do amor oferece pacotes e propostas para todos os gostos. E, memo assim, não está fácil. Homens e mulheres desenvolveram uma segunda pele, uma camada de epiderme que poderá ser denominada como a "desconfiança sistemática". Todos falam do amor ideal, da relação perfeita, mas todos se munem de milhares de artifícios para não se deixarem enredar. É verdade que a lei sempre possui dispositivos para distinguir a propriedade e o património das razões que levam homens e mulheres a apaixonarem-se.

Quem diria que nas probabilidades de relacionamentos fictícios poderiam dar origem a tantas realidades estagnadas no tempo, onde a nossa vontade é sempre entreposta entre o desejo do querer e o sentimento da culpa imposta pela lealdade dissimulada...
O que nos levará a fazer a insidiosa pergunta, onde pára a consciência daqueles que teimam em aprisionar o seu cúmplice para não magoar o seu amor próprio, se já nada mais existe a não ser a simples aparência.
A dor quase sempre se sobrepõe ao amor nas insígnias da amizade que nos aprisionam na nossa maneira de pensar e do nosso próprio viver. O amor seria muito mais real se cada um soubesse respeitar a liberdade do desejo de cada um, sem haver a implicação do cumprimento de um dever quando, por ventura, já se deixou de acreditar nas promessas que se fizeram, porque todos fomos acreditando na evolução no sentido desse delito. E a cumplicidade se desvanecerá no pensamento daquilo que gostaríamos que fosse e já não é, daquilo que desejávamos e nunca tivemos, nem alcançámos. Apenas acreditámos que seria possível.

O amor é baseado unicamente no nosso egoísmo e depois todos nós corremos o risco de viver embrulhados na indiferença do amor dos outros... Ligamo-nos sempre a alguém porque gostámos da sua aparência, seja na fisionomia ou do seu estilo gracioso, ou porque a atracção foi mútua em determinada ocasião oriunda dos acasos. Mas nunca nos empenhamos seriamente em entender a sua própria maneira de ser caracterizada pela sua personalidade marcadamente individual. Daí, geralmente, querermos alterar a pessoa que conhecemos para depois com alguma persistência no tempo a modificarmos de forma a ajustar-se melhor ao nosso ideal de maneira de ser. Quando assim acontece, obviamente, é porque não se gostava verdadeiramente dessa pessoa a que nos ligámos. Ou seja, foi apenas a paixão momentânea que sentimos no momento e que fomos alimentando. Apenas fomos levados pelo desejo que tomou repercussões descontroladas sem nunca se sentir a chama do amor. E quando olhamos para trás, já não temos a coragem de nos desligarmos porque já está enraizada na nossa vida, de tal maneira, que só um motivo verdadeiramente forte fará afastarmo-nos um do outro.
Umas vezes é um alívio o acontecimento drástico da separação para ambos, por sentirem que uma parte das suas vidas morreu nesse instante, mas por outro lado, desfrutaremos da oportunidade de nos ligarmos com quem de facto gostaríamos, com alguma sorte, pode muito bem acontecer. Mas apesar da experiência antes vivida ter alterado de alguma forma o nosso procedimento, recorremos sempre às mesmas tácticas no querer alterar a pessoa visada, utilizando já uma outra habilidade nesses nossos intentos.

Quantos é que, se por ventura através de uma forma mágica qualquer, pudessem retroceder vinte anos na sua vida, e lhes perguntassem se era de facto aquela pessoa de quem gostariam que o acompanhassem na sua vida, escolheria a mesma pessoa vinte anos mais velha? Quase ninguém... Só aqueles que conheciam o amor na sua verdadeira essência optariam pela mesma pessoa.
Aqueles que insistentemente pretendam viver a permanência das paixões, correm um sério risco de nunca sentirem o que é de facto o amor, terão forçosamente que fazer opções na sua vida, se realmente desejam sentir a paixão permanente, nunca procurem um relacionamento superior a dois anos, porque é sempre a partir daqui que vem a desilusão. Aquele que vai simplesmente atrás da paixão nunca terá tempo de sentir o que é o amor ou simplesmente ser-se amado.

Hoje em dia, o egoísmo é dos predicados mais visíveis e acentuados na nossa sociedade. Senão vejamos, a primeira preocupação da maioria das pessoas é quase sempre e em primeiro lugar o seu bem estar, depois ganhar alicerces consistentes a nível profissional de forma a ganhar autonomia económica afim de não se sujeitar à dependência de terceiros. Depois os relacionamentos humanos darão origem às relações amorosas no intuito de partilharem a sua vida em comum, este processo é quase sempre doloroso e lento, de uma maneira ou de outra...
Obrigatoriamente, as uniões de facto, hoje em dia, cada vez se tornam mais comuns, não só porque os relacionamentos são cada vez mais abstractos como difíceis. Como por outro lado, já ninguém se predispõe a abrir mão facilmente dos seus padrões de vida habituais, porque ambos sentem as mesmas obrigações em plena igualdade dos seus direitos. Ninguém quer dar já o braço a torcer, e as relações com o passar dos anos, vão esfriando de tal maneira que as únicas trocas de palavras resumem-se aos bons dias e boas noites... Salvam-se desta prática comum, aqueles que sobrevalorizam o bom senso e sobretudo a inteligência para mostrarem sempre algo vivamente novo no sucesso desse projecto que ambos abraçaram.

O novo conceito familiar foi amplamente alterado, só ainda não tivemos a coragem de o enfrentar, os ícones familiares dos nossos pais e avós, ainda estão demasiado enraizados na nossa formação e educação, e a tradição é muitas vezes a causadora de não admitirmos esse novo conceito de família... O casamento já não tem razão de existir, apenas insistem em manter essa tradição, que quase sempre sofre de morte súbita.
Quantos é que hoje estão predispostos a fazerem cumprir a promessa que fazem frente ao altar da igreja: prometendo o apoio incondicional, na alegria ou na tristeza, na pobreza ou riqueza, na saúde ou na doença e mesmo na velhice, até que a morte os separe... Todos prometem, mas nunca saberão se vão cumprir.


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